Faixas etárias menores têm sido cada vez mais comuns nas UTIs do Brasil. Médicos explicam os motivos dessa mudança de perfil entre pacientes.


COVID-19: entenda por que a segunda onda afeta mais os jovens

O relaxamento de medidas para conter o coronavírus e a demora para vacinar pessoas mais jovens têm levado a um novo cenário na pandemia de coronavírus no Brasil. De acordo com dados da Fiocruz coletados entre 4 e 10 de abril, pessoas entre 20 e 29 anos estão no grupo com maior alta de mortes por COVID-19 na comparação com o início de 2020.

A aparente falta de preocupação dos jovens com a pandemia parece também ser um motivo para hoje eles serem maioria nos serviços de atendimento. Raphael Rangel, virologista e coordenador do curso de Biomedicina do Instituto Brasileiro de Medicina e Reabilitação (IBMR), explica que quando as medidas de isolamento são afrouxadas pelos governos, os jovens costumam voltar a aglomerar e não usar máscaras.

 

Além disso, segundo Rangel, existe o escape imunológico. “O escape imunológico do vírus é ele conseguindo driblar o sistema. Quando ele surgiu, no fim de 2019, ele não conseguia fazer, mas à medida que vai infectando mais pessoas, vai entendendo que tipo de alteração que tem que ser feita para enganar o corpo, e com isso, infectar mais pessoas.”
O virologista Rômulo Neris explica que a ocupação dos lares brasileiros também pode ajudar na propagação do vírus dentro de uma mesma família. “Mesmo que não tenha um idoso morando com você, a gente assumindo que muitos municípios começaram a reabrir em 2020, significa que a gente colocou muita gente na rua. Tem o adulto que tem que trabalhar e o jovem que pode ter necessidade de trabalhar ou ter assumido um comportamento irresponsável”. 
Idade média dos pacientes
A tendência de uma redução das faixas etárias dos pacientes no Brasil foi captada pelos pesquisadores. A idade média de casos internados na primeira quinzena de abril era de 57,68 anos, enquanto a idade média na primeira semana de janeiro tinha sido de 62,35 anos.
 
Para a FioCruz, esse cenário pode ter sido influenciado por uma maior flexibilização do distanciamento entre os mais jovens, por motivos que vão de uma exaustão com o confinamento à necessidade de retornar ao trabalho presencial. 
Ainda segundo a Fiocruz, a vacinação de idosos indica sinais de diminuição sobre casos e mortes nas faixas etárias mais altas. Porém, somente análises posteriores poderão afirmar que isso tem relação direta com a mudança no perfil demográfico das pessoas afetadas pela COVID-19 no Brasil.

 

Fonte: https://www.em.com.br/